terça-feira, 23 de janeiro de 2007

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Licença a todos os presentes, amigos, irmãos, mestres dos saberes, pesquisadores da cultura e das diversas áreas do conhecimento humano.
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. Trago comigo um orgulho que se evidenciou muito desde que cheguei do Brasil em 15 de novembro para o X Festival Internacional de Poesia em Cartagena de Índia, Bolívar, Colômbia, América Latina: me refiro ao orgulho de sentir o coração da cidade e fazer parte de suas ruas por onde circulam vidas unidas por uma força historicamente heróica. Força igual a da cidade de Cachoeira, no Recôncavo baiano, Brasil, onde vivo e cresci com minha família materna, que trás no sangue a cultura espanhola, indígena, africana. Esses mesmos africanos que chegaram em diversas partes do mundo, em especial no Brasil e Caribe, na condição de escravos, e hoje, sim, e hoje, onde estão a grande maioria de Índios e afrodescendentes, na lista de excluídos ? A Heróica Cachoeira, no Recôncavo baiano, Brasil e a Heróica Cartagena de Índias, nos permitem sentir na pele um gosto histórico de Vitória e um outro sabor amargo, oferecido a nossa frente, em diversas ruas, para onde olharmos, ou em índices de pesquisas reveladoras da injusta distribuição de riquezas e suas catastróficas conseqüências.
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. De acordo com dados do relatório a Situação da Infância Brasileira publicado em 2001 pela Unicef, 53,94% dos pais que matricularam seus filhos em escolas públicas de Cachoeira, têm no máximo três anos de estudo formal. Em Cartagena, segundo publicação do jornal El Universal dos últimos dias, 60,9% da população estão abaixo da linha de pobreza.
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. Estes dados não diminuem a nossa história de povos guerreiros que lutaram pela independência de nosso país com unhas e dentes. Todavia, nos apresenta a necessidade de olhar nossas realidades históricas e distintas: Somos patrimônios culturais evidenciados para toda humanidade através de conquistas heróicas, um patrimônio também exporto a uma condição humana indigna de viver, falo da maioria dos atores sociais que fazem pulsar acidade e estão excluídos.
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. Em verdade, somos todos Heróicos.
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. O desejo de compartilhar uma sociedade cada vez mas justa, sem maquiagem, sem medo de olhar nossas diferenças esquecidas nas diversas partes de nossas heróicas comunidades é que nos faz estar dispostos a lutar heroicamente por manter o sonho de viver em uma sociedade mais justa.Por esse desejo coletivo é que a Oficina de Criação Literária Siembra e seus irmão apoiadores, realizam e organizam o Festival Internacional de poesia, plantando o futuro literário dos próximos escritores; Que as pesquisas da Universidade de Cartagena se revertem em contribuições sociais, a Fundação Cultural Afro-Caribe, o Rotory Club Internacional de Cartagena, o Grupo de Apoio ao Menor Gotas de Esperanças, a Casa de Barro Ações culturais, o Ponto de Cultura Terreiro Cultural, Pouso da Palavra, e tantas outras instituições que desenvolvem ações socioculturais, são necessárias para a construção de uma América Latina digna.
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. Assim, falo para vocês, atenção: Somos todos heróicos, somos todos heróis. Unidos por uma sociedade melhor, a qual cada um de nós temos a missão de contribuir para um mundo mais justo, pois somos todos Heróicos, somos todos heróis, Brasileiros, Colombianos, Cubanos, Venezuelanos, Heróis em Guatemala, Panamá. Por toda parte do mundo, América, África, Europa, somos heróis, e podemos transformar realidades.Por uma América Latina mais justa e digna, Viva a Poesia, Viva a Arte, Viva a cultura, Viva todas políticas para melhorar o desenvolvimento sociocultural.
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Atentamente,
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. João de Moraes Filho.
Gestor Cultural, Poeta, Professor, co-fundador da Casa de Barro Ações Culturais (Cachoeira, Recôncavo Sul da Bahia, Brasil).
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Carta Aberta lida no X Festival Internacional de Poesía en Cartagena de India. Aula Máxima de Derecho en la Universidad de Cartagena de Índias – Colômbia 01 de diciembre de 2006.
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Cartagena - domingo, 02 de diciembre de 2006